quinta-feira, 21 de março de 2013

Seminário de Apresentação do Projeto - Mandirituba/ PR

Apoiado pelo FBDH - Fundo Brasil de Direitos Humanos, aconteceu neste sábado, dia 16 de março o Seminário de Apresentação do projeto No direito ou na Luta essa terra é Faxinalense, onde contamos com a presença de mais de 50 pessoas, dentre elas vereadores da prefeitura municipal de Mandirituba, faxinalenses das comunidades envolvidas, UFPR - Curitiba, Ministério Publico, APF- Articulação Puxirão Faxinalense, adeptos e a equipe do IEEP.
O Seminário iniciou as 13 horas da tarde com o cadastro e lista de presença, e logo apos a realização da mística. A mística contou com a participação de três gerações representantes dos faxinais, uma criança, uma jovem, e um senhor mais experiente, trazendo a tona uma reflexão do que os une, qual a causa, e o que os mantem na luta?
Mística  
Foi dada as boas vindas, a todos os participantes, e foi feita uma explanação do trabalho que o IEEP vem desenvolvendo em outros faxinais, e apoios que tem dado a outros movimentos sociais e grupo de agricultores agroecologistas, expondo várias experiências que ja deram certo, resultados de mobilizações e organização popular para que o grupo pudesse se encorajar e perceber que não estão sozinhos. Logo após, foi aberto para questionamentos e exposto o projeto que é apoiado pelo FBDH, contando um pouco sobre o fundo e que tipo de projetos eles apoiam.
Apos, dialogo e conversas sobre o projeto, o mesmo foi detalhado por atividades, quantas oficinas terão, qual é o objetivo, no qual destacamos: a formação e capacitação dos faxinalenses em direito,  gerando  autonomia para que estes possam lutar em prol de seus direitos frente ao grandes conflitos que surgem na sociedade e nas comunidades onde vivem. E principalmente da importância de se participar destas oficinas, pois só assim, como foi demonstrado, poderemos exigir e lutar pelos nossos direitos. So se luta por aquilo que se conhece!

Amantino aproveitou o momento e comentou sobre a reportagem que saiu na Gazeta do Povo, na quinta feira dia 14 de março, demonstrando a importancia que foi para eles na região. "Mesmo que pequena, mas ja mostra um pouco sobre nós. Por muitas vezes nao fomos nem reconhecidos em nossa própria região, ou ainda muitos duvidavam das nossa lutas, trabalhos e conquistas, e hoje podem ver que juntos podemos ir longe", ressalta.
Na hora da composição da mesa de autoridades, Amantino relembrou que o convite foi estendido a muitas autoridades, como ao presidente do CONSEA- Conselho Nacional de Segurança Alimentar ao qual a APF faz parte, a presidentes de sindicatos, ao prefeito Municipal de Mandirituba, e a universidades e pesquisadores. Dentre os convidados o que justificou sua falta foi o presidente do CONSEA que na ocasião ja teria uma outra agenda e não poderia estar presente. Mas e outras autoridades locais? Neste sentido, com a mesa ja composta a discussão inicial foi o "descaso" que por muitas vezes se dá a cultura faxinalense em Mandirituba, pelo setor publico.
Alem deste assunto, muitos outros foram tratados, como: o convívio no faxinal, a solidariedade que existe entre eles dentro do faxinal ao deixar os animais circularem pelas propriedades, como tambem o proprio questionamento de pessoas e autoridades que nao entendem os costumes dos faxinalenses e questionam-os sem saber dos seus acordos de convivência. Cabe ainda lembrar de um problema serio que nao só neste faxinal dos Meleiros estão passando, mas em muitos outros tambem, dos chacareiros que estão adentrando nos faxinais e que desconhecem ou nao cumprem as regras internas, ocasionando muito desgaste e conflitos.
Na fala dos vereadores, logo se colocaram a disposição para ajudar no que for preciso e que puderem fazer na camara. Mas logo quando Hamilton(APF), tomou a fala e lhes questionou sobre 4 projetos que foram dois anos de trabalho e que foram recusados pelo prefeito. Diz Hamilton que é nessas horas que os vereadores, representantes do povo, devem assumir e defender. Falou tambem sobre experiencias de outros faxinais que ja tem a ARESUR- Áreas Especiais de Uso Regulamentado, e que nisto os vereadores devem tambem dar apoio, pois traz a tona o quanto essa lei ja modificou a vida de muitos faxinais.
Gustavo, integrante do grupo ENCONTRA, da universidade Federal - UFPR, ressalta o trabalho de apoio que ja vem dando junto aos Povos e Comunidades Tradicionais, a CEMPO e ao IEEP, com a realização da Cartografia Social, junto ao Professor Jorge Montenegro. 
A advogada Ana Carolina, representando o Ministério Publico, começou sua fala explanando o que é o papel do Ministério, e que é primordial entender que ele está ai pra defender os direitos da sociedade brasileira. Comentou sobre os direitos coletivos, a quebra dos direitos e como se fiscaliza tais atos, etc. Tronando claro aos participantes que o Ministério esta ai pra ajudar no que os Povos e Comunidades Tradicionais precisarem.
O advogado Andre Halloys Dallagnol que irá acompanhar todo o projeto com as oficinas de direito, começou sua fala fazendo uma uma pergunta ao publico ali presente: Qual a diferença entre a serra e o violão, aqui presentes na mística? Em minutos de silencio, alguns se pronunciaram dizendo que os dois são instrumentos de trabalho, um toca musica, o outro derruba madeira, que os dois são feitos de madeira, etc. Ressalta que temos que saber bem a importância de cada um. Que ele nas oficinas vai trabalhar com um instrumento - as leis - das quais o mesmo sabe manusear, e ensinara nas oficinas a importância de se conhecer esse instrumento. Ainda destacou, a dificuldade quando por exemplo temos um violão, porem não conseguimos, não sabemos tocá-lo. De que adianta? Assim são as leis, temos elas garantindo nosso direito, mas se não soubermos usá-las a nosso favor, de nada vai adiantar.
A expectativa é grande com este projeto, pois só em um dia já pode-se perceber o quanto os faxinais precisão de um acompanhamento, de assessoria e de conhecimento de leis. E é através das oficinas, dos diálogos, e da troca de experiencias que estes faxinais de Mandirituba consiguiram crescer e avançar na luta.
E como dizem um dos gritos de ordem dos faxinalenses: "Na luta pela terra, nascemos faxinalenses!"

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